Aqui fica a versão do "Cântico Tinto", que o João ofereceu, como um brinde ao Augusto, o grande dinamizador deste recital. A que encontrei tem assinatura de JM Matos Vila, mas não posso garantir qual a fonte original.
"Não bebas vinho" - dizem-me alguns com olhos abstémios, Retirando-me os copos, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "não bebas vinho"!
Eu olho-os com olhos bêbados, (Há nos meus olhos ironia e mágoa) E enxugo mais um copo, E nunca bebo água.
A minha glória é esta: Sem a botija cheia, Não acompanhar ninguém! - Que eu bebo vinho com o mesmo à vontade Com que um menino chupa o leite a sua mãe.
Não,não vou por aí! Só vou por onde Haja tascas no caminho... Se quando a conta vem meu bolso é que responde,
Porque me repetis:"Não bebas vinho"? Prefiro ir esbarrar nos guardas sonolentos Sentir que sou levado pelos ventos, Redemoinhar em volta dos postes macilentos, A não beber vinho...
Se vim ao mundo, foi Só para esvaziar canecas cheias, E para lavar os pés tenho a água reservada O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós Que me fareis discursos, rogos e promessas Querendo entre mim e os copos pôr obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho e capilé E vós amais o que não tem sabor!
Eu amo o Aveleda, o Colares, o Cartaxo, Só no verde e no tinto ponho fé Só ao branco e ao maduro tenho amor Ide, tendes laranjadas, Tendes sumos, tendes cocas, Tendes Vidago, Pedras Salgadas E outras águas " boas " gabadas pelos sábios...
-Eu tenho a minha alegre bebedeira! Levanto-a como um facho ou uma bandeira, E sinto espuma,e vinho, e cânticos nos lábios... O Copo e a Garrafa é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai todos tiveram mãe Mas eu, a quem beber jamais estafa Nasci do amor que há entre o copo e a garrafa.
Ah, que ninguém me dê água de Luso em garrafões! Ninguém me ofereça pingos ou galões Ninguém me diga:"Não bebas vinho"!
A minha vida é uma rolha que saltou É uma garrafa que se esvaziou, É um copinho a mais que me animou..
Não sei por onde vou Não sei para onde vou, Sem vinho é que não vou!
Fomos lindos, não fomos??:o)
ResponderEliminarAcho que correu bem e foi divertido...os meus amigos adoraram a Pedra e o Vinho.
Beijos, beijos:o)
Foi muito giro e vocês estiveram fantásticos.
ResponderEliminarFico mesmo babada.
Beijos para todos
Cristina
Aqui fica a versão do "Cântico Tinto", que o João ofereceu, como um brinde ao Augusto, o grande dinamizador deste recital. A que encontrei tem assinatura de JM Matos Vila, mas não posso garantir qual a fonte original.
ResponderEliminar"Não bebas vinho" - dizem-me alguns com olhos abstémios,
Retirando-me os copos, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "não bebas vinho"!
Eu olho-os com olhos bêbados,
(Há nos meus olhos ironia e mágoa)
E enxugo mais um copo,
E nunca bebo água.
A minha glória é esta:
Sem a botija cheia,
Não acompanhar ninguém!
- Que eu bebo vinho com o mesmo à vontade
Com que um menino chupa o leite a sua mãe.
Não,não vou por aí!
Só vou por onde
Haja tascas no caminho...
Se quando a conta vem meu bolso é que responde,
Porque me repetis:"Não bebas vinho"?
Prefiro ir esbarrar nos guardas sonolentos
Sentir que sou levado pelos ventos,
Redemoinhar em volta dos postes macilentos,
A não beber vinho...
Se vim ao mundo, foi
Só para esvaziar canecas cheias,
E para lavar os pés tenho a água reservada
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me fareis discursos, rogos e promessas
Querendo entre mim e os copos pôr obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho e capilé
E vós amais o que não tem sabor!
Eu amo o Aveleda, o Colares, o Cartaxo,
Só no verde e no tinto ponho fé
Só ao branco e ao maduro tenho amor
Ide, tendes laranjadas,
Tendes sumos, tendes cocas,
Tendes Vidago, Pedras Salgadas
E outras águas " boas " gabadas pelos sábios...
-Eu tenho a minha alegre bebedeira!
Levanto-a como um facho ou uma bandeira,
E sinto espuma,e vinho, e cânticos nos lábios...
O Copo e a Garrafa é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai todos tiveram mãe
Mas eu, a quem beber jamais estafa
Nasci do amor que há entre o copo e a garrafa.
Ah, que ninguém me dê água de Luso em garrafões!
Ninguém me ofereça pingos ou galões
Ninguém me diga:"Não bebas vinho"!
A minha vida é uma rolha que saltou
É uma garrafa que se esvaziou,
É um copinho a mais que me animou..
Não sei por onde vou
Não sei para onde vou,
Sem vinho é que não vou!