O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.

Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.

mudança de rumo



Hoje começámos a sessão em mirandês;
a Cristina leu um excerto de
L Miu Purmeiro Lhibro an Mirandés de Carlos Ferreira e Paulo Magalhães


o livro do dia foi apresentado pelo Tomás
"A invenção de Hugo Cabret" de Brian Selznick


a Cristina leu um excerto de «A terceira miséria», de Hélia Correia


Gabriela, «A linguagem de Deus», de Francis S. Collins


Maria João, «Cântico Negro», de José Régio


Maria, «Muda de vida», de António Variações


Luís, «O homem sem rumo», de Fiodor Dostoievski


a Maria Teresa leu de José Saramago

As palavras

As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. E há os discursos, que são palavras encostadas umas às outras, em equilíbrio instável graças a uma precária sintaxe, até ao prego final do Disse ou Tenho dito. Com discursos se comemora, se inaugura, se abrem e fecham sessões, se lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas de veludo. São brindes, orações, palestras e conferências. Pelos discursos se transmitem louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E depois as lavras dos discursos aparecem deitadas em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por essa via entram na imortalidade do Verbo. Ao lado de Sócrates, o presidente da junta afixa o discurso que abriu a torneira do marco fontanário. E as palavras escorrem, tão fluidas como o “precioso líquido”. Escorrem interminavelmente, alagam o chão, sobem aos joelhos, chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço. É o dilúvio universal, um coro desafinado que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos, aos uivos, envolta também num murmúrio manso, represo e conciliador. Há de tudo no orfeão: tenores e tenorinos, baixos cantantes, sopranos de dó de peito fácil, barítonos enchumaçados, contraltos de voz-surpresa. Nos intervalos, ouve-se o ponto. E tudo isto atordoa as estrelas e perturba as comunicações, como as tempestades solares. Porque as palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que não se oiça outra palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça. Daí que seja urgente mondar as palavras para que a sementeira se mude em seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão.

de "Deste Mundo e do Outro"


Virgínia, excerto de «Os Sonhos Não Têm Prazo de Validade», de Laurie Gottlieb e Deanna Rosenswig


Alexandra, excerto de «Um casamento de sonho», de Domingos Amaral


a Celina leu "Mude" de Edson Marques


Ilda, excerto «Os Maias», de Eça de Queirós


Teresa, «Porque», de Sophia de Mello Breyner Andresen


Bruno, excerto «O amor nos tempos de cólera», de Gabriel García Márquez


Margarida, «No ciclo eterno das mudáveis coisas», de Ricardo Reis


Renato, excerto «Guerra e Paz», Liev Tolstói


Ana e Luísa, leram um excerto do conto «Olá gangster» de Érico Veríssimo
 de «Mestres do Conto Brasileiro» selecção de João Alves das Neves


Fernando, «O fugitivo», de Sérgio Godinho


e pronto...

À barca! - 2º ensaio

no dia 24 de Janeiro de 2015 o CLeVA vai participar do espectáculo "À barca!", no âmbito das comemorações dos 500 anos da atribuição do Foral a Alcochete e Aldeia Galega