O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.

Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.

eros e psiquê | por autores portugueses nascidos após 25.04.1974




antes de entrarmos no tema da sessão, e porque estamos quase a 25 de Abril,
a Cristina abordou o tema da liberdade (ou falta dela), através de dois livros:
"Diamantes de Sangue" de Rafael Marques (pode ser descarregado aqui) e
"O lado de dentro do lado de dentro", Colectânea
donde leu "Tudo é cinzento" de Afonso Cruz



a Ilda escolheu "Cem anos de solidão" de Gabriel García Márquez



a Margarida leu de José Luís Peixoto

Amor

o teu rosto à minha espera, o teu rosto
a sorrir para os meus olhos, existe um
trovão de céu sobre a montanha.

as tuas mãos são finas e claras, vês-me
sorrir, brisas incendeiam o mundo,
respiro a luz sobre as folhas da olaia.

entro nos corredores de outubro para
encontrar um abraço nos teus olhos,
este dia será sempre hoje na memória.

hoje compreendo os rios. a idade das
rochas diz-me palavras profundas,
hoje tenho o teu rosto dentro de mim.

de "A Casa, A Escuridão"


a Celina leu um excerto de "Biografia involuntária dos amantes" de João Tordo



a Alexandra leu "Eu levo no pacote" de Rosinha

a Ilda leu de Joaquim Pessoa
(nascido antes de 1974... em 1948, no Barreiro)

Bastava-nos Amar

Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.

Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.

Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar

a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.

de "Português Suave"


a Gabriela deu a volta ao tema e leu um excerto de "A casa dos horrores" de Nigel Cawthorne



a Virgínia leu de Sophia de Mello Breyner Andresen
(nascida antes de 1974... em 1919, no Porto)
Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

de "Livro Sexto"


o Luís leu de José Luís Peixoto
Passou tempo e eu não esperava que, um dia, chegasses. Mas passou tempo. Um dia, chegaste. Caminhávamos na rua. Eu pensava em qualquer coisa que não era a ideia de chegares, como uma avalanche que arrasta tudo à sua passagem, como uma multidão a pisar cada pedaço de terra. E a rua ficou deserta quando nos aproximámos. Éramos desconhecidos no instante em que olhámos um para o outro. Passou esse instante e, dentro de nós conhecemo-nos. Chegaste. Eu não te esperava. Contigo trouxeste a ternura, o desejo e, mais tarde, o medo. Chegaste e eu não conhecia essa ternura, esse desejo. Em casa, no meu quarto, neste quarto, revi os teus olhos na memória, a ternura, o desejo. E, depois, aquilo que eu sabia, o medo. E passou tempo. Eu e tu sentimos esse tempo a passar mas, quando nos encontrámos de novo, soubemos que não nos tínhamos separado.

de "Antídoto"


a Maria leu, também de José Luís Peixoto
A mulher mais bonita do mundo

estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.

entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.

entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.

há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.

estás tão bonita hoje.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.

de "A Casa, a Escuridão"



a Cristina e o Fernando leram um excerto de "Deixem falar as pedras" de David Machado




licores, bolo de chocolate e bolachas caseiras
sempre a mesma chatice no final das sessões



eis a receita destas bolachas

Ingredientes

150g açúcar (branco ou amarelo)
125g manteiga derretida
300g de farinha (sem fermento ou integral)
1 ovo
Raspa de 1 laranja
1 colher de chá de fermento

Alternativa:

1 colher de sopa de canela ou de chocolate

Modo de preparação:

Juntar o ovo+açúcar+manteiga+raspa da laranja+farinha+fermento.
Envolver
Estender a massa e recortar em bolachas com as formas.
Levar ao forno 10 a 15 minutos

Sem comentários:

Enviar um comentário