O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.

Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.

próxima sessão - 13 março 2012 - ensaio - Palavras como frutos

Está marcada a data de mais um espectáculo do CLEVA, desta vez a marcar também o final do segundo clube de leitura em voz alta de Alcochete.

O dia escolhido foi:

19 de Maio de 2012

Até lá todas as sessões são para ensaios.

Conselho

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.

Eugénio de Andrade

Em breve daremos mais notícias.

2012.02.28 - Viagens II


Já não se lembravam das viagens? pois foi há pouco mais de um ano! voltamos então ao tema...


Lena R. (*)
Viagem
de Miguel Torga


pode-se ver o vídeo aqui


Teresa (*)

Charlie e a Fábrica de chocolate (excerto)
de Rohald Dahl




(*) Tele-CLeVA directamente do Luxemburgo


João
A pista de Miguel Sousa Tavares
excerto de "Sul, Viagens"



Cecília
Sinopse de
Caderneta de Cromos Contra-Ataca
de Nuno Markl



A saga contínua no segundo livro da rubrica da Rádio Comercial, Caderneta de Cromos!
Ainda mais sexy e espectacular do que o primeiro volume, Caderneta de Cromo Contra-Ataca regressa aos anos 70 e 80 para falar da complexidade psicológica dos Pinypons e de como pareciam querer matar alguém; de como o Skeletor, o arqui-inimigo de He-Man não é claramente, o tipo de indivíduo a quem se pergunta as horas na rua; como agir quando um meliante nos pede para ver o Passe-Social; quem venceria no eterno duelo entre os Doutores Bayard e Bentes; quem eram, realmente, os Glutões do Presto; quão traumático foi o episódio de Uma Casa na Pradaria em que a filha mais velha acorda sem o dom da visão; porque parecia tão giro envergar peúgas brancas com raquetes; porque é que Duarte & Companhia foram tão importantes nas nossas vidas; o que raio significa a letra de Orinoco Flow de Enya e porque é que pode servir de tributo a todos os indivíduos que têm como nome Zé Luís; porque é que o Cartão Jovem era como o Santo Graal da garotada - e outro tipo de questões essenciais para quem cresceu numa época de péssimos cabelos mas belíssimas memórias. E bigodes.


António Gil
Apresentou-nos "Viagem a Toronto" num ipad





Helena P.
A viagem
de Sophia de Mello Breyner Andresen

Dorso do mar tão quieto nesse dia.
Infinita esmeralda desdobrada.
Como um incenso os halos da maresia.
Cristais de distância.

Um navio esticado no seu vento
Êxtase e poder
Plenitude do tempo
Um navio esticado no seu vento
Presa do espaço intenso.

Um navio de homens carregado,
De vagabundos mareantes procurando
Terras quase lendárias,
Filhos duma áspera pátria de pedras e luz clara
Filhos duma áspera pátria exacta e avara
Que vão de porto em porto derivando.
Filhos de uma áspera pátria procurando
A aparição do mundo
Filhos duma áspera pátria sobre o mar errando.

No alto mar os homens parecem
Semelhantes a deuses
Participantes dum rito antiquíssimo e sagrado
De água, luz e vento
Os seus corpos se tornam
Inteiros e ritmados
À própria essência da vida

Paula e Daniel
Ainda falta muito?
de Carla Maia de Almeida


António Soares
Viagem
de Álvaro de Campos


Sonhar um sonho é perder outro. Tristonho
Fito a ponte pesada e calma…
Cada sonho é um existir de outro sonho,
Ó eterna desterrada ti própria, ó minha alma!

Sinto em meu corpo mais conscientemente
O rodar estremecido do comboio. Pára?…
Com um como que intento intermitente
De - mal roda, estaca. Numa estação, clara

De realidade e gente e movimento.
Olho p’ra fora… Cesso… Estagno em mim.
Resfolgar da máquina… Carícia de vento
Pela janela que se abra… Estou desatento…
Parar… seguir… parar… Isto é sem fim

Ó o horror da chegada! Ó horror. Ó nunca
Chegares, ó ferro em trémulo seguir!
À margem da viagem prossegue… Trunca
A realidade, passa ao lado do ir
E pelo lado interior da Hora
Foge, usa a eternidade, vive…
Sobrevive ao momento - vai!
Suavemente… suavemente, mais suavemente e demora
- entra na gare… Range-se… estaca… É agora!

Tudo o que fui de sonho, o eu-outro que tive
Resvala-me pela alma… Negro declive
Resvala, some-se, para sempre se esvai
E da minha consciência um Eu que não obtive
Dentro em mim de mim cai.

Vitória e Alexandra J.
jogo com "Descalça vai para a fonte" de Luís de Camões
e "Poema da Auto-estrada" de António Gedeão


Vasco
Cinco semanas em balão (excerto)
de Julio Verne


Mila
Escada em Caracol
de David Mourão-Ferreira
É uma escada em caracol
e que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
mas nunca passa do chão.

Os degraus, quanto mais altos,
mais estragados estão.
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.

Quem tem medo não a sobe.
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
o lastro do coração.

Sobe-se numa corrida.
Correm-se p´rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
a escada sem corrimão.

e aqui na voz de Camané:



Rosa
Uma viagem maravilhosa
Joaquim Lemos
Com um livro na mão posso sonhar e viajar, quieto, aconchegado, sem sair do meu lugar:
- São dez dedos, dez segredos, cinco em cada mão, todos eles divertidos, criativos, carinhosos a terminar numa canção.
- Dou um salto à cidade para ajudar o João e transformar num jardim a floresta de betão.
- Voo até à savana, numa nuvem pelo ar, vou conhecer a girafa que comia muitas estrelas todas as noites ao jantar.
- Foram ovos misteriosos, história das cinco vogais, uma menina que detestava livros e acabou com as personagens como os seus melhores amigos.
- Mergulhei no aquário, à procura de um tesouro e descobri que a amizade vale muito mais que ouro.
- Conheci uma menina, que mora no fundo do mar é a amiga mais fantástica que eu podia encontrar.
- Este ano folheando nosso livro de leitura, encontrei uma linda fada toda feita de ternura. Chama-se Oriana e à escola vai chegar, dentro de um livro maravilhoso que é onde a vou procurar.
Mas ela não está fechada, voa solta, livre, alegre na nossa imaginação que é tudo o que me dá o livro que tenho aberto, estendido, na palma da minha mão.


Carmen
texto para Palavra Fiandeira
de sua autoria


Tenho uma câmara fotográfica nova.
Daquelas pequeninas, jeitosas, que dá para colocar no capacete, no braço, no guiador, na água ou ao sol… para tirar fotografias várias. Sabem, é que sou fanática por fotografia. E, adoro fotografar-me! Modéstia à parte, mas sou muito fotogênica!
Mas, esta câmara é diferente! É mais leve, mais jeitosa… assim, como eu!
E, com ela, posso unicamente colocá-la na minha cabeça e escalar!
Subir uma montanha íngreme e sinuosa, onde pacificamente se sente o sabor do vento!
Onde se refrescam os pensamentos (os meus, claro!) e se arejam as emoções (as minhas, pois sim!). Se perde a raiva e o ódio da hipocrisia e a angústia da monotonia perdida nas mentes insanas (isto acontece-me com frequência! – Que raiva tenho da hipocrisia!).
Se olha o sol laranja de frente e se alcança o céu velozmente. E, no final da jornada, bem lá no topo desta montanha amontoada de frescura; abraço e abarco uma felicidade total.
Amanhã irei nadar – Penso.
E, de novo levo a minha frenética câmara nova (ou, sou eu que estou frenética?) para, com ela, saborear a água salgada do mar imenso. Onde os peixes, encarnados, azuis, verdes, lilases, coloridos ou incolores, são reis. Ou, rainhas. Deve haver fêmeas, não?
Isso não interessa. O que interessa é a liberdade de sentir a suavidade da água; partir numa aventura pelas profundas águas do oceano esverdeado de plantas e algas, cavalgar num cavalo-marinho, surpreender-me com a beleza do fundo do mar e, transformar-me numa sereia contadora de histórias, com uma beleza provocadora e assaz impossível. Vir à tona e, pela primeira vez, pisar a areia da praia e sentir os seus grãos quentes do amor que fazem com os raios de sol. (Afinal, aqui já estou a sonhar… acordada. Acordo mesmo é em frente ao Oceanário e embarco, então, numa viagem virtual ao fundo dos oceanos.)
Depois, e ainda de câmara em punho… ou, na cabeça, saio e procuro por ti. Num misto e misterioso compacto de emoções resgato-te do único inimigo da alma: a preguiça!
Juntos, levamos para casa as memórias de um tempo bem passado, que junto ao meu capacete de BTT percorri, contigo, horas a fio, esses caminhos da natureza, verdes da vegetação mais pura e ainda existente. Lamacentos, e gostosos para a minha e tua viagem, de uma curta passagem da chuva. O pássaro que brinca com o vento ameno, as vacas ruminantes numa calmaria louca. O percurso aprazível e campestre destes 30 km de aventura. Sou eu e tu. Passamos velozmente nestes campos de uma lezíria real, reclamando um tempo só nosso!
Tenho uma câmara fotográfica nova e, com ela, posso gravar um momento, captar uma emoção, guardando-a para sempre.
- Que pena que não seja minha! – E, depressa a devolvo à Raquel.

Alexandra F.
partilhou connosco um dos seus livros de fotos de viagem
Suíça 2009


Helena Pinto
Viagem a Portugal (excerto)
de José Saramago


Delfina
Poema da Auto-estrada
de António Gedeão


Fernando e Cristina
Desmedida, crónicas do Brasil (excerto) de Ruy Duarte de Carvalho
Grande Sertão Veredas (excerto) de João Guimarães Rosa


aqui um cheiro do sertão de Guimarães Rosa:



e para terminar aquela que foi a última sessão regular do Cleva 2.0, houve bolo, moscatel



e distribuição de recordações de vários países do oriente recentemente visitados pela Helena Pinto