O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.
Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.
Esta sessão do CLEVA dedicada ao tema ESPAÇO começou com notícias sobre o espectáculo de teatro do Grupo de Teatro Comunitário da Casa da Achada a que assistimos no Liceu Camões. Esse trabalho revelou-nos uma forma corajosa e simples de trabalhar a leitura em voz alta. A não perder.
Ainda passámos a seguir pela conversa sobre promoção da Leitura, nos Dias do Desassossego, onde a Cristina foi convidada a participar em nome da Andante.
Depois ouvimos a história La noche en que las letras se liberaron de Pep Duran e da sua livraria, o livreiro e contador de histórias catalão. Apesar da pronúncia, ouvimos o texto em espanhol, tal como estava escrito no livro "Palavras por la lectura".
Os exercício práticos recaíram desta vez sobre a espacialidade e sobre a propagação do som da voz. Partimos do poema de Nuno Júdice:
Digo: o amor. Há palavras que parecem sólidas,
ao contrário de outras que se desfazem nos dedos.
Solidão. Ou ainda: medo. As palavras, podemos
escolhê-las, metê-las dentro do poema como
se fosse uma caixa. Mas não escondê-las. Elas
ficam no ar, invisíveis, como se não precisassem
dos sons com que as dizemos.
A partir daqui tentámos construir uma linha musical com palavras libertadas no espaço pela nossa voz, e tentámos dominar o nosso movimento usando apenas a audição de um som previamente definido.
Depois tivemos direito a leituras verdadeiramente entusiasmantes sobre o tema:
Cada vez mais este grupo elabora as suas prestações, as trabalha, as prepara, para nos surpreender, para nos conquistar, ganhando consciência das dificuldades e dos objectivos a atingir.
O último texto que ouvimos foi o do livro do dia: Os transparentes
de Ondjaki. O único senão é que já estávamos todos conquistados antes,
este é um livro excepcional. Agradecemos à Isabel por nos lembrar.
Com um tema destes foram muitas as linhas e panos que vieram a esta sessão; até tivemos direito a um desfile de alta... leitura.
Começámos como sempre pela "agenda cultural" e regressámos aos direitos inalienáveis do leitor de Daniel Pennac mas desta vez para brincar com eles. Experimentámos com eles as dificuldades das leituras em grupo: coros e canons. As dificuldades da simultaneidade: como ir a tempo sem tornar numa melopeia sem sentido e desinteressante aquilo que o coro está a dizer. As dificuldades de criar uma música com as palavras, sendo a de cada um diferente da do parceiro e mesmo assim inteligível e interessante. Como ouvir os outros sem perder a nossa voz.
Começaram então as leituras sobre o tema da sessão:
em dia de eleições nos EUA
a Cristina trouxe "Notas sobre um país grande" de Bill Bryson como livro do dia.
Expressámos os nossos medos mas com esperança de que não se concretizassem. Não foi o caso.
Aí temos o monstro à solta.
E terminámos com um desfile de alta leitura e uma festa de comida e bebida e conversa. Na verdade, a festa da comida e da bebida (era S. Martinho) começou logo no início da sessão. Tornou tudo muito mais animado e descontraído.