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antes de entrarmos no tema do dia a Cristina leu-nos um pouco do discurso
proferido por José Saramago na ocasião da entrega do Prémio Nobel de Literatura em 1998 |
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a Fernanda, a Graciete e a Helena leram-nos a história do queijo da Serra da Estrela.
No fim de sessão pudemos experimentar a última fase por que passa o tão afamado queijo. |
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o António leu |
Os rebanhos
Logo que as cabras e as ovelhas entestaram à corte, o “Piloto” deu por findo o seu trabalho. E antes mesmo de o pastor, que lhe aproveitava os serviços, se dirigir a casa, ele meteu ao extremo da vila.. Rabo entre as pernas, focinho quase raspando a terra, ia triste, cismático, como perro vadio de estrada, descoroçoado da vida. Subitamente, porém sorveu no ar algo que lhe era conhecido. A cauda ergueu-se num ápice, formando volta que nem cabo de guarda chuva; a cabeça levantou-se também e nela luziram os olhitos até aí amortecidos. “Piloto” estugou o passo. O caminho estava cheio de tentações , de paragens obrigatórias, estabelecidas por todos os cães que passaram por ali desde que Manteigas existia, desde há muitos séculos. Forçado a deter-se ele regava, à esquerda e à direita, rudes pedras,velhos castanheiros, velhos cunhais, mas fazia-o alegremente e com o visível modo de quem leva pressa. Em seguida, voltava a correr no faro do seu dono.Cada vez o sentia mais perto e cada vez era maior o seu alvoroço. Por fim, lobrigou-o. Horácio estava junto de Idalina, também conhecida de “Piloto”; estavam sentados num dorso de rocha que emergia da terra, ao cabo das decrépitas e negrentas casas do Eiró, no cimo da vila.E tão atarefado parecia Horácio com as palavras que ia dizendo à rapariga, que não deu, sequer, pela chegada do cão. Vendo-o assim, “Piloto” hesitou um instante, enquanto agitava mais a cauda e tremuras de alegria lhe percorriam o corpo. Logo se decidiu. E, humilde, foi colocar o focinho sobre a coxa do amo, como era seu costume quando este o chamava, à hora da comida, nos dias em que os dois andavam pastoriando o gado, lá nos picarotos da serra. Só então o amo deu por aquela presença. Ele regressara nessa tarde do serviço militar e, no entusiasmo de ver pai e mãe, os vizinhos e, sobretudo, Idalina, não se havia lembrado ainda do seu antigo companheiro. Agora, porém, afagava-lhe a cabeça e metia, enternecido, um parêntesis na narrativa que estava fazendo:
- Olha o “Piloto”! O meu “Piloto”!
de
A lã e a neve de
Ferreira de Castro
e isto não podia acabar bem: