Para fazer uma revolução há duas coisas indispensáveis: alguém ou alguma coisa contra que se revoltar e alguém que vá para a frente e o faça. A indumentária é geralmente informal e ambas as partes podem mostrar-se flexíveis em relação à hora e ao local, mas se uma das facções não comparecer é provável que todo o empreendimento fracasse. (...)
As pessoas ou partidos contra os quais a revolução é feita denominam-se «opressores» e reconhecem-se facilmente por parecerem ser os únicos que se divertem. Geralmente, os «opressores» vestem fatos, possuem terras e põem os rádios muito alto até às tantas da noite sem que os insultem. A tarefa deles é manter o status quo, uma situação em que tudo permanece na mesma, ainda que tenham vontade de pintar de dois em dois anos.
Quando os «opressores» se tornam demasiado ríspidos temos aquilo a que se chama um estado policial, onde todas as dissensões estão proibidas, tal como o está rir entre dentes, aparecer com um laço ao pescoço ou chamar «Bucha» ao presidente da Câmara. As liberdades civis num estado policial estão muitíssimo limitadas, e a liberdade de expressão é desconhecida, apesar de ser permitido utilizar mímica num relatório. Não se toleram opiniões críticas sobre o Governo, especialmente a respeito da forma como os seus membros dançam. A liberdade de imprensa também está limitada e o partido no Poder «controla» as notícias, permitindo aos cidadãos ouvir unicamente as ideias políticas aceites e os golos que não provoquem desassossego.
Os que se revoltam são conhecidos por «oprimidos» e geralmente podem ser vistos movendo-se em grupos, a resmungarem ou a queixarem-se de dores de cabeça. (Há que assinalar que os opressores nunca se revoltam ou tentam transformar-se em oprimidos, porque isso acarretaria mudarem de roupa interior.) (…)
Quando se faz uma manifestação é bom levar um cartaz exprimindo o que se pretende. Sugestões para algumas pretensões:
1) baixar os impostos;
2) subir os impostos;
3) deixar de sorrir aos Persas.
Outros métodos de desobediência civil:
- Parar em frente do City Hall e entoar a palavra «pudim» até que as nossas exigências sejam satisfeitas.
- Engarrafar o trânsito levando um rebanho de carneiros para a zona comercial. (…)
- Vestir-se de polícia para saltar à corda.
- Disfarçar-se de alcachofra e beliscar as pessoas ao passar.
Woody Allen
de Sem Penas
ed. Livraria Bertrand
foi a minha escolha de hoje :)
fernando
O Homem cansa-se
ResponderEliminarespírito não
o homem rende-se
espírito não
o homem rasteja
espírito voa
o espírito vive quando o homem morre
o homem parece
espírito é
o homem sonha
espírito vive
o homem é ameaçado
o espírito é livre
que espírito o homem poderá ser?
Letra da música Spirit da banda Waterboys
Tradução livre~- João Morais