Equipa 1
Helena P., Isabel, António e João
O Poeta AprendizPode ser visto aqui... mas não é a mesma coisa!
Vinícius de Morais
Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar
Amava era amar
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser
Equipa 2
Paula e Daniel
Um trabalho que fundiu dois diários: "Diário inventado de um menino já crescido" de José Fanha e "Diário" de Sebastião da Gama. [Paula, quando puderes deixa-mo, para o transcrever para aqui]
Equipa 3
Mariana e Cecília
Devido a problemas técnicos a equipa sofreu por falta de comunicação. O texto foi de Sandra Lima.
Equipa 4
Lena R. e Fernando (e Cristina, mas ela não sabia!)
Uma viagem ao tempo da escola? E uma surpresa para a Cristina que teve que ler de improviso! Dizem as más línguas que no fim a Lena acabou por ficar emocionada porque a Alexandra ficou emocionada e...
B-A-BA B-E-BE BA BE B-I-BI BA BE BI B-O-BO BA BE BI BO B-U-BU BA BE BI BO BU
Verbo Ser
Carlos Drummond de Andrade
Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os 3. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, outro corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Doi? É bom? É triste?
Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas. Ser, ser, ser. Er. R. Repito: Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a?
Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.
Arte Poética V
Sophia de Mello Breyner
(Aqui podem ouvir a Cristina!)
Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta. Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de conhecer o poema antes de conhecer a literatura.
Eu era de facto tão nova que nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio. Pensava também que, se conseguisse ficar completamente imóvel e muda em certos lugares mágicos do jardim, eu conseguiria ouvir um desses poemas que o próprio ar continha em si. No fundo, toda a minha vida tentei escrever esse poema imanente. E aqueles momentos de silêncio no fundo do jardim ensinaram-me, muito tempo mais tarde, que não há poesia sem silêncio, sem que se tenha criado o vazio e a despersonalização. Um dia em Epidauro – aproveitando o sossego deixado pelo horário do almoço dos turistas - coloquei-me no centro do teatro e disse em voz alta o princípio de um poema. E ouvi, no instante seguinte, lá no alto, a minha própria voz, livre, desligada de mim.
Tempos depois, escrevi estes três versos:
A voz sobe os últimos degraus
Oiço a palavra alada impessoal
Que reconheço por não ser já minha.
Equipa 5
Alexandra F., Alexandra J. e Ana Rita
Ler doce Ler
José Jorge Letria
A sinopse fica aqui
Equipa 6
Rodrigo, Virgínia e Paulo
Aqui a versão original.
Lídia
Anaquim
Quem te falou em escolhas certas
Mentiu-te
Quem te apontou caminho sem os percorrer
Quem te mostrou suas aguarelas
Nas telas pintadas por uma só forma de ver
Quem te falou numa verdade
Enganou-te
Há mais verdades escondidas por ai
Somos voláteis
Somos feitos de contrários
Somos todos santos
Somos todos mercenários
Sacrifico
Minha vontade
Por um tiro no escuro
Que nos deixa sós
Custa ver que na realidade
O tiro não foi no escuro
O tiro foi em nós
Não pretendo
Não fazer erros
Vou aprendendo com o mal que trago em mim
E se aprendo
Sinto-me gente
E só é gente quem consegue ser assim
Alguém
Que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem(2x)
Alguém disse
Que a vida passa a correr
E eu fui na corrida sem sequer me aperceber
Alguém disse
Que a vida passa a correr
E eu fui na corrida sem parar para abastecer
A vida são dois dias
Disse um homem já maduro
Tive o ontem e o hoje
O mais certo é não ter futuro
O velho do Restelo
Diz que a vida são dois dias
E entre o choro e o riso
Eu não deixei horas vazias
Lídia enlaçemos as mãos
Vamos ficar então
Somente a ver passar o rio
Lídia jogemos xadrez
Façamos isso em vez
De dar à guerra o nosso rio
Lídia sejamos alheios
Aos desgostos feios de quem já não quer quem tem
Mas Lídia eu sinto-me vazio
Ao ver passar o rio
Sem te ter nem fazer por ser
Alguém
Que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem
Alguém
Cuja maldição afinal
Está nessa fraqueza carnal
De querer o bem e ter o mal
As Equipas 7 e 8 jogaram individualmente... então, e porque não?
Helena M.
Do livro Deixa que te conte de Jorge Bucay, a história do "elefante acorrentado".
Augusto
Para uma antologia do dizer de José Jorge Letria ("Não quero deixar de ser aprendiz")
Equipa 9
Cristina e Fernando
Uma pedra no meio do caminho é uma coisa boa? O Fernando parecia achar que sim... Ou uma pedra no meio do caminho é uma coisa má? Acho que a Cristina estava mais para aqui...
E sim,... no pelourinho havia uma pedra no meio do caminho... mas havia quem já não se lembrasse!
No meio do caminho
Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
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