a Cristina leu um excerto de "A preparação do actor" de Constantin Stanislavski |
de seguida fomos convidados a abandonar temporariamente a nossa zona de conforto
o Luís trouxe-nos o "Memorial do convento" de José Saramago |
e entrámos nas leituras subordinadas ao tema da sessão
a Cristina leu-nos um excerto de "De Profundis - Valsa Lenta" de José Cardoso Pires |
a Maria Teresa leu um excerto de "A nau de Quixibá" de Alexandre Pinheiro Torres |
(...) Vou-te contar uma história. Havia aqui um homem quase cego desde nascença. Tanto lhe minguava a luz que, para ele, quem lhe falasse surgia-lhe como uma mancha equilibrada num varapau de palavras. Antes de o conhecer não acreditava que um cego pudesse ter confiança fosse no que fosse. Sempre dissera a mim próprio: “os cegos são as pessoas mais inseguras do mundo”. Com os anos descobri que me enganava. O cego de que te falo nunca tivera qualquer receio em atravessar as ruas de S. Tomé. Caramba!, sempre há algum tráfego! Mas se fosse forçado a cruzar uma das ruas da baixa de Lisboa, caso estivesse a elas afeito, não seria por se lhe deparar mais movimento que se mostraria mais aflito. Possuía, desde o mais fundo de si, uma confiança absoluta no poder da bengala às listas brancas e negras. Um dia perguntei-lhe: “Você não tem medo dos perigos?” Voltou para mim os olhos parados (eu seria apenas mais uma mancha, apenas uma voz diferente), e contestou-me: “Que perigos?” O homenzinho mostrava-se surpreendidíssimo. “Ser cego – disse-me – também tem as suas vantagens. Não posso ter medo daquilo que não vejo”. Era tão óbvia a minha incompreensão do mundo do cego que insisti: “Você não tem, por exemplo, medo das alturas?” Ele riu-se: “Oh! Meu bom senhor!, então vocemecê julga que eu vejo as alturas?” Olha, meu filho, fiquei com cara de parvo, mas como ele não podia ver-me a cara de parvo, aguentei firme. (...)
a Ana Maria leu outro excerto de "De Profundis - Valsa Lenta" de José Cardoso Pires |
a Margarida e a Maria leram um excerto de "O anjo branco" de José Rodrigues dos Santos |
a Alexandra leu de António Lobo Antunes |
Pachos na testa
terço na mão
uma botija
chá de limão
zaragatoas
vinho com mel
três aspirinas
creme na pele
grito de medo
chamo a mulher -
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer
mede-me a febre
olha-me a goela
cala os miúdos
fecha a janela
não quero canja
nem a salada
ai Lurdes Lurdes
não vales nada
se tu sonhasses
como me sinto
já vejo a morte
nunca te minto
já vejo o inferno
chamas diabos
anjos estranhos
cornos e rabos
vejo os demónios
nas suas danças
tigres sem listras
bodes de tranças
choros de coruja
risos de grilo
ai Lurdes Lurdes
que foi aquilo
não é a chuva
no meu-postigo
ai Lurdes Lurdes
fica comigo
não é o-vento
a cirandar
nem são as vozes
que vêm do mar
não é o pingo
de uma torneira
põe-me a santinha
à cabeceira
compõe-me a colcha
fala ao prior
pousa o Jesus
no cobertor
chama o doutor
passa a chamada
ai Lurdes Lurdes
nem dás por nada
faz-me tisanas
e pão de ló
não te levantes
que fico só
aqui sozinho
a apodrecer
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer.
a Gabriela leu um excerto de "Aproveitem a vida" de António Feio |
o Fernando leu o conto "Dor" de "O conta-gotas" contos mínimos de António Torrado com desenhos posteriores de Gémeo Luís |
a Ana e a Luísa também leram "Todos os homens são maricas quando estão com gripe" de António Lobo Antunes |
o Luís leu um excerto de "Paula" de Isabel Allende |
a Teresa leu um excerto de "Trava" de "Reduto quase final" de Dinis Machado |
o Tomás leu de Jean-Claude Carrière |
Entre as histórias que os cientistas gostam de contar a propósito dos seus métodos, ouve-se muitas vezes a da pulga.
Pode resumir-se assim:
Um cientista examina uma pulga pousada perto dele. Ordena-lhe: «Salta!» e a pulga salta.
O cientista escreve numa folha de papel: «Quando se manda uma pulga saltar, ela salta.»
Então, agarra delicadamente a pulga e arranca-lhe as patas. Pousa-a ao lado e ordena: «Salta!»
A pulga não se mexe.
O cientista anota na sua folha de papel: «Quando se arrancam as patas a uma pulga, ela fica surda.»
Mal universal
O cineasta iraniano Abbas Kiarostami, no seu filme "O sabor das cerejas", faz contar por um dos seus personagens a seguinte história:
Um homem vai ao médico e diz-lhe:
- Doutor, dói-me tudo. Quando pouso um dedo na cabeça, dói-me. Quando pouso aqui, na barriga, é o mesmo. Quando toco no joelho, dói-me; no pé, dói-me. Que devo fazer? Como hei-de encontrar alívio?
O médico examina-o e diz:
- Não tem nada no corpo. É o seu dedo que está partido.
de "Tertúlia de Mentirosos - Contos filosóficos do Mundo Inteiro"
a Maria João leu um excerto de "A jangada de pedra" de José Saramago |
o Renato leu um excerto de "Os emigrantes" de W. G. Sebald |
a Virgínia leu um excerto de "Anti-Cancro" de David Servan-Schreiber |
e desta vez terminámos com Bolo de limão e iogurte com mel
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