a Cristina leu um excerto de "El narrador oral y el imaginario" de Pépito Matéo |
o Fernando tentou convencer-nos a ler "No meu peito não cabem pássaros" de Nuno Camarneiro |
a Carlota e a Madalena leram um excerto de "Bíblia - A mais fascinante história" de Silvia Zanconato com ilustrações de Abigail Ascenso |
a Ana Maria e a Virgínia leram de António Ramos Rosa |
Uma voz na pedra
Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
a Anabela e a Margarida leram excertos de "A arte de dar peidos" de Pierre-Thomas-Nicolas Hurtaut Ilustrado por José María Lema |
a Teresa fez-nos uma visita eu leu de António Torrado |
O ovo da galinha
Faltam ovos na cozinha
Não há ovos para o doce.
"Alto lá" disse a galinha
"Ponho um ovo e acabou-se."
"Ponho um ovo e acabou-se.
Amassado com farinha,
se não chega para o doce,
vão dizer que a culpa é minha."
"Vão dizer que a culpa é minha.
Vão dizer: ela baldou-se.
Vão dizer: esta galinha
proibiu que houvesse doce."
"Proibiu que houvesse doce.
Foi tacanha, foi mesquinha.
Nem que fosse! Nem que fosse!",
cacarejou a galinha.
Cacarejou a galinha
e espremeu-se e esforçou-se.
E pôs um ovo que tinha
mais valor que muito doce.
Mais valor que muito doce,
que mil ovos de galinha:
era de oiro e acabou-se
a miséria na cozinha.
de "O meu primeiro álbum de poesia"
a Eugénia foi ao "Livro da Tila" de Matilde Rosa Araújo e leu |
Vinte meninas, não mais,
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Vinte meninas, não mais,
Eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
Vestidinho azul escuro.
As minhas vinte meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Chegaram na Primavera
E acenaram lá dos céus.
As minhas vinte meninas
Dormiam quentes num ninho
Feito de amor e de terra,
Feito de lama e carinho.
As minhas vinte meninas
Para o almoço e o jantar
Tinham coisas pequeninas,
Que apanhavam pelo ar.
Já passou a Primavera
Suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
Pois foram mães, as meninas!
Eram ovos redondinhos
Que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
E asinhas para voar.
Já não são vinte meninas
Que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
Depois oitenta meninas
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Mas as oitenta meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Em certo dia de Outono
Perderam-se pelos céus.
a Ilda leu uma tradução livre de "If it be your will" de Leonard Cohen |
o Luís leu um poema de José Jorge Letria de "Versos para os pais lerem aos filhos em noites de luar" |
há-de alargar o teu mundo
acrescentando sentido
ao que sabes lá no fundo,
e aquilo que tu nomeias
passa a ter nome e lugar,
tesouro de sons soletrado
quando te pões a falar.
Cada coisa que tu dizes
é apenas um começo,
é a fala a ganhar corpo,
o silêncio do avesso.
Cada coisa que tu sonhas
há-de ser depois contada
com a roupa das palavras
à fala bem ajustada.
E aquilo que tu dizes
há-de dar voz ao que sentes,
porque a fala é um canteiro
onde os sons são as sementes.
E aquilo que tu sentes
passa de avós para netos,
é o livro onde se guarda
o tesouro dos afectos.
Cada palavra que nasce
mesmo no centro da fala
é como um tesouro oculto
no recanto de uma sala,
e pode ser um unicórnio,
dragão ou mesmo arlequim,
transformando-se numa pomba
quando a história chegar ao fim.
a Adília e a Maria leram um excerto de "Firmin" de Sam Savage |
a Rosa leu um excerto de "Descubra a sua criança interior" de Vera Faria Leal |
a Antónia e o Renato leram um excerto de "Cyrano de Bergerac" de Edmond Rostand |
De seguida a Cristina propôs a leitura "com sotaque" de: |
De tarde
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
O Livro de Cesário Verde
e finalmente chegou a hora do piquenique
à hora de comer sempre o diabo traz mais um |
des·mo·er (des + moer) verbo transitivo e intransitivo [Informal] Fazer a digestão. = Digerir, Esmoer |
o Pinhal das Areias tem uma nova inquilina
Leopoldina |
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